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Pancada na mama pode causar cancro?
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Pancada na mama pode causar cancro?

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Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), até ao momento, o cancro da mama é a primeira causa de morte por cancro nas mulheres. Em Portugal, todos os anos, são detetados cerca de sete mil novos casos de cancro da mama – apenas 1% dos casos são registados em homens – e 1800 mulheres morrem com a doença.

Por ser um tipo de cancro frequente, com um impacto significativo, há um grande alarme em torno de possíveis causas para a doença. Nesse sentido, é comum a ideia de que uma pancada ou um traumatismo na mama causam cancro. Mas será verdade?

É verdade que os traumatismos na mama causam cancro?

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Não. A ideia de que os traumatismos provocam cancro na mama é comum, mas não passa de um mito. Aliás este conceito tem sido desmistificado pelas organizações de saúde a nível nacional e internacional (ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

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Em dois textos partilhados no seu site, a Liga Portuguesa Contra o Cancro adianta que “não é conhecida uma causa específica para o cancro da mama”, mas sabe-se que “embates violentos na mama”, “uma ferida”, “um inchaço”, “ou uma equimose”, “não provocam, por si só, cancro”.

Segundo um texto da National Breast Cancer Foundation (uma organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos da América), “as lesões causadas por acidentes de viação ou por uma pancada no corpo, por exemplo, podem provocar dor, nódoas negras ou hemorragia, o que pode resultar numa acumulação de sangue na mama” (hematoma).

Ou, refere a Cancer Research UK, “por vezes, uma lesão pode causar um nódulo”. No entanto, nenhuma destas lesões causa diretamente cancro.

Ainda assim, este tipo de ferimentos pode ter de ser observado e tratado por um profissional de saúde. “Se já existir um cancro na zona, estes exames podem detetá-lo”, mas “isto não significa que a lesão tenha causado” a doença, salienta a mesma fonte.

Nesse sentido, as organizações de saúde frisam a importância de informar o médico caso se note alguma alteração no aspeto ou na sensação dos seios, ou na região do peito. Isto porque, destaca a Sociedade Americana Contra o Cancro, “detetar o cancro da mama precocemente torna-o, de modo geral, mais fácil de tratar”. 

Estas alterações podem ser, por exemplo, “um nódulo na mama” ou um “inchaço no peito”, na “clavícula”, na “axila ou à sua volta”.

São também sinais de alerta “se a pele do seio começar a ficar mais espessa e parecer uma casca de laranja”, se houver “retração do mamilo” e em caso de “vermelhidão, secura, descamação ou espessamento do mamilo ou da mama”, “corrimento” e “dor”.

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Apesar disso, esta entidade também considera importante que se perceba que “nem todas as alterações nos seios são cancro”. 

“As doenças benignas (não cancerosas) da mama são muito mais comuns do que o cancro da mama”, conclui-se.

Quais os fatores de risco para o desenvolvimento de cancro da mama?

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A Sociedade Americana Contra o Cancro explica, noutro texto, que “um fator de risco é algo que aumenta a probabilidade de contrair uma doença”, sendo que “cada cancro tem os seus próprios fatores de risco”. 

Como tinha esclarecido Catarina Rodrigues dos Santos, coordenadora da Clínica Multidisciplinar da Mama do IPO Lisboa, em declarações anteriores ao Viral, “apenas cerca de 5 a 10% dos cancros de mama são hereditários, ou seja, causados por uma mutação genética patogénica identificada”.

Segundo a especialista, “a maioria dos casos são considerados esporádicos”, isto é, “dependentes de um conjunto de múltiplos fatores de risco e propensão individual, sem que se consiga atribuir o cancro a uma causa única”.

Alguns fatores de risco para a doença não podem ser controlados (como a idade e a genética), mas outros podem. Que fatores são esses? A LPCC aponta 13.

A “idade” é o primeiro fator referido. Segundo a LPCC, “uma mulher com mais de 60 anos apresenta maior risco”. 

Além disso, a “história familiar” também é significativa, ou seja, há maior risco de cancro da mama, por exemplo, se a mãe, a tia ou irmã tiveram a doença, sobretudo “em idades mais jovens (antes dos 40 anos)”.

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Quando há muitas mulheres numa família com cancro da mama, “os testes genéticos podem, por vezes, demonstrar a presença de alterações genéticas específicas”, que significam um risco acrescido para a doença.

Para mais, refere-se no mesmo texto, têm maior probabilidade de ter cancro da mama “mulheres que tiveram a primeira menstruação em idade precoce (antes dos 12 anos)”, “tiveram uma menopausa tardia (após os 55 anos)”, “nunca tiveram filhos”, ou se a “primeira gravidez” foi “depois dos 31 anos”.

Também parecem ter um risco acrescido de desenvolver cancro da mama “mulheres que tomam terapêutica hormonal para a menopausa durante 5 ou mais anos após a menopausa”.

Por outro lado, a doença “ocorre com maior frequência em mulheres caucasianas (brancas), comparativamente a mulheres latinas, asiáticas ou afro-americanas”.

A “história pessoal de cancro da mama” é igualmente importante. Conforme o texto da LPCC, uma pessoa “que já tenha tido cancro da mama (numa mama) tem maior risco de ter esta doença na outra mama”.

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O mesmo se aplica para mulheres que já “tenham feito radioterapia ao peito, incluindo as mamas, antes dos 30 anos”. Este cenário verifica-se, por exemplo, em mulheres com linfoma de Hodgkin “tratadas com radiação”.

A “densidade da mama” também se revelou um fator de risco. “Mulheres mais velhas que apresentam, essencialmente, tecido denso (não gordo) numa mamografia” têm maior probabilidade de desenvolver cancro da mama. 

Por fim, outras “alterações da mama”, “inatividade física”, “obesidade” (sobretudo “após a menopausa”) e a ingestão de “bebidas alcoólicassão outros fatores de risco relevantes.

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23 Fev 2024 - 09:55

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